quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

FILMES PARA TRABALHAR LITERATURA

DICAS DE FILMES PARA TRABALHAR COM CADA ESTILO LITERÀRIO :
André Augusto Gazola é formado em Letras, professor de
Literatura e História da Arte e fundador do blog Lendo.org.

# Primórdios da Literatura Portuguesa – Trovadorismo:

MERLIN, DE STEVE BARRON (155 MIN.)
Retrata, em tom épico, a luta do mago Merlin e do rei Arthur contra Mab, a rainha da escuridão. O filme recebeu 15 indicações ao Emmy e tem trilha sonora assinada por Trevor Jones.
A Rainha Margot, de Patrice Chéreau (136 min.)

Com intuito de manter a paz, um casamento arranjado é celebrado. A união entre a católica Marguerite de Valois, a rainha Margot (Isabelle Adjani), e o nobre protestante Henri de Navarre (Daniel Auteuil), no século XVI, tinha como objetivo unir duas correntes religiosas. Esse casamento foi tão político que os noivos não são obrigados a dormirem juntos. As intrigas palacianas vão culminar com a Noite de São Bartolomeu, na qual milhares de protestantes foram mortos. Após esse fato, Margot acaba se envolvendo com um protestante que está sendo perseguido.

Rei Arthur, de Antoine Fuqua (142 min.)
Aborda a história do rei Arthur, seu pacto com Lancelot e a lealdade dos cavaleiros da Távola Redonda nas lutas contra os invasores de suas terras.

As Brumas de Avalon, de Uli Edel (181 min.)
Relata a lenda do rei Arthur sob o ponto de vista das mulheres de Avalon que, com seus poderes sobrenaturais, tentam manipular o destino dos cavaleiros da Távola Redonda. É interessante perceber nesse filme a transição do paganismo para o cristianismo

# Quinhentismo no Brasil :

Como era gostoso o meu francês, de Nelson Pereira dos Santos (84 min.)
No Brasil, em 1594, um aventureiro francês com conhecimentos de artilharia é feito prisioneiro dos tupinambás. Segundo a cultura indígena, era preciso devorar o inimigo para adquirir todos os seus poderes — saber utilizar a pólvora e os canhões
.
Hans Staden, de Luiz Alberto Pereira (92 min.)

Filme que narra a história de Hans Staden no período em que ele esteve no Brasil e foi capturado pela tribo tupinambá. Aqui será muito interessante fazer um paralelo entre o filme e o livro Primeiros registros escritos e ilustrados sobre o Brasil e seus habitantes, que foi escrito pelo próprio alemão. Eu também já o citei em meu plano de aula sobre o Quinhentismo no Brasil.

Caramuru: a invenção do Brasil, de Guel Arres (85 min.)

Apesar de ser baseado no livro homônimo de Santa Rita Durão, que pertence ao Arcadismo brasileiro, esse filme é ótimo para relacionar com o Quinhentismo pois narra alguns percalços entre portugueses e índios numa perspectiva bem cômica.
O talentoso pintor Diogo Álvares cultiva a arte de embelezar a realidade, em especial o Brasil, o que lhe cria alguns problemas com o comandante Vasco de Athayde. Diogo é contratado por Dom Jayme, o cartógrafo do Rei, para ilustrar os mapas que seriam usados nas viagens de Pedro Álvares Cabral, mas acaba envolvendo-se com Isabelle, francesa que frequenta a Corte em busca de ouro. A sedutora cortesã rouba o mapa de Diogo, que é, então, punido e deportado para as costas brasileiras, onde conhece a bela índia Paraguaçu e sua irmã Moema, vivendo o primeiro triângulo amoroso da história do Brasil.

# Barroco :
Lutero, de Eric Till (112 min.)

Esse filme conta a história de Martinho Lutero, padre alemão fundador da Igreja Protestante que, após quase ser atingido por um raio, resolveu se juntar à Igreja, mas, diante dos abusos do catolicismo no século XVII, decidiu lutar por mais justiça para os fiéis.

Caravaggio, de Derek Jarman (93 min.)

Filme que narra a biografia do pintor Michelangelo Caravaggio. Através de um brilhante trabalho com cores e luzes, o diretor consegue traduzir em imagens a personalidade violenta e irriquieta do artista.

Top Eleven Be a Football Managerrcadismo :

Os Inconfidentes, de Joaquim Pedro de Andrade (100 min.)
Tomando por base Os autos da devassa, esse filme ilustra o momento político da Inconfidência, apresentando a reconstrução história do período. Permite que se perceba a cena política que influenciava a produção literária de autores como Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, Basílio da Gama e Santa Rita Durão.

Tiradentes, de Oswaldo Caldeira (120 min.)

Uma biografia de Tiradentes e suas relações com o movimento inconfidente. Vale fazer uma parceria com o professor de história ao passar esse filme em sala de aula.

# Romantismo :

Amistad, de Steven Spielberg (154 min.)

Dezenas de escravos africanos se libertam das correntes e assumem o comando do navio negreiro La Amistad. O filme é uma boa fonte para traçar um paralelo com o poema Navio Negreiro, de Castro Alves.

Inocência, de Walter Lima Jr. (115 min.)

Uma adaptação do romance homônimo de Visconde de Taunay. São transpostos para a tela o amor entre Cirino e Inocência, além do trágico desfecho dos amantes, seguindo o modelo de amor difundido no período.

Carlota Joaquina: a princesa do Brasil, de Carla Camurati (100 min.)

Esse filme narra, de forma satírica, a vinda da corte portuguesa para o Brasil, em especial os anos em que Carlota Joaquina, a infanta espanhola que se casou com D. João VI, viveu e adaptou-se à vida na colônia.

# Realismo e Naturalismo :

Dom, de Moacyr Góes (91 min.)

Esse filme é um exemplo de obra de arte que obtém sua inspiração em grandes momentos da literatura, sem, no entanto, simplesmente reproduzí-los. Não se trata de uma adaptação da história de Dom Casmurro à linguagem cinematográfica ou mesmo de uma releitura do enredo do romance, simplesmente. O filme narra, antes, a vida de um jovem criado à sombra da obra de Machado de Assis. Bento, no filme, é um rapaz que recebe seu nome em homenagem ao personagem do romance. A partir daí, passa a incorporar, em sua vida, diversos elementos característicos do personagem machadiano — inclusive chamando sua amiga de infância, Ana, pelo apelido de Capitu. Um reencontro entre Bento e Ana, já na idade adulta, fará florescer um romance — motivo central dessa obra cinematográfica.

Madame Bovary, de Claude Chabrol (143 min.)

Inspirado na trama do livro homônio de Gustave Flaubert, considerado o iniciador do Realismo no mundo. Tenta ser fiel à proposta da obra escrita, sem decepcionar.

Cortiço, de Francisco Ramalho Júnior (110 min.)

Baseado no romance de Aluísio Azevedo, esse filme resgata a atmosfera de liberalidade, sensualidade e também a pobreza vivenciada no cortiço. O roteiro concentra-se no núcleo Rita Baiana/João Romão e o desenvolve.

Memórias Póstumas, de André Klotzel (101 min.)

Adaptação da obra-prima de Machado de Assis, marco inicial do Realismo no Brasil, Memórias Póstumas de Brás Cubas. Possui um roteiro que usa bastantes citações diretas da obra de Machado, incluindo um recurso narrativo bastante interessante, que acaba por tornar a produção fiel à história do romance original, com ironias e comicidades bem destacadas.

# Simbolismo :

Cruz e Sousa: o poeta do Desterro, de Sylvio Back (86 min.)

O filme retrata a vida do poeta Cruz e Sousa, seus relacionamentos amorosos, os problemas sociais e raciais, além do seu trágico fim no Rio de Janeiro.

# Pré-Modernismo :

Policarpo Quaresma, de Paulo Thiago (120 min.)

Adaptação cinematográfica do romance Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto. Traz os eventos principais do livro, por vezes criando cenas somentes sugeridas, como a relação entre Policarpo e Olga.

A Guerra de Canudos, de Sérgio Rezende (169 min.)

Apresenta realisticamente a Guerra de Canudos — representada no romance Os Sertões, de Euclides da Cunha –, mostrando os fatos sob a ótica de uma família sertaneja.

# Modernismo :

Coco Chanel & Igor Stravinsky, de Jan Kounen (119 min.)

Em 1913, o jovem Coco Chanel começa a se destacar no mundo da moda e conhece o compositor russo Igor Stravinsky, exilado em Paris, que desponta no cenário musical europeu. O filme é interessante por ser uma das raras tentativas de representar a estreia do balé A sagração da primavera, marco inicial do Modernismo.

Moderns, de Alan Rudolph (126 min.)

Versão irônica e bem divertida da Paris do começo do século XX e da chamada Geração Perdida, com destaque para Ernest Hemingway, Gertrude Stein, Pablo Picasso, entre outros artistas. Um dos poucos filmes a retratar o universo artístico daquela época, as relações pessoais e profissionais e a visão da sociedade em relação ao que estava sendo produzido nas artes.

Eternamente Pagu, de Norma Bengell (110 min.)

Cinebiografia da artista Patrícia Galvão, mais conhecida como Pagu. A personagem escandalizou a sociedade das décadas de 1920-30 por causa do seu comportamento anarquista. O filme retrata o casamento com Oswald de Andrade e com outros artistas da época, as relações pessoais e profissionais, além da primeira fase modernista.

Vinhas da ira, de John Ford (129 min.
)
Adaptação do romance homônimo do escritor John Steinbeck, prêmio Nobel de Literatura em 1932. Esse filme relata a história de Tom Joad, ex-presidiário que, quando volta para casa, encontra a propriedade de sua família sendo hipotecada por falta de pagamento. Ele e a família decidem então abandonar a casa e partir para a Califórnia, região na época conhecida como a “terra prometida”. É o período da Grande Depressão nos Estados Unidos.

O poeta de sete faces, de Paulo Thiago (94 min.)

Instigante documentário sobre a vida e obra de Carlos Drummond de Andrade. É interessante observar que o diretor visa estabelecer relações entre a vida e a obra do autor.

Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos (103 min.)

Produção baseada no romance de Graciliano Ramos. Trata-se de uma transposição fiel ao espírito do livro que, seguindo a estética neorrealista, é capaz de recriar a atmosfera da seca e o silêncio que são próprios do enredo.
Esse filme foi indicado à Palma de Ouro e é considerado, até hoje, uma das obras-primas mais importantes do cinema nacional. Ainda que seja em preto e branco e diferente dos padrões cinematográficos a que os alunos estão acostumados, vale a pena apresentá-lo e analisar os pontos em comum e divergentes com relação ao texto escrito.

Capitães da Areia, de Celia Amado e Ruy Gonçalves (96 min.)

Baseado no romance de Jorge Amado, esse filme transpõe para a tela a história de um bando de meninos de rua em Salvador, que vive de assaltos e trambiques. Como se trata de uma produção recente, os alunos podem se identificar facilmente com a trama. É interessante propor a eles a leitura do livro e fazer a análise comparativa das obras.

# Geração de 45/Pós-Modernismo :

Outras Histórias, de Pedro Bial (114 min.)

O jornalista Pedro Bial transpôs para as telas o universo de Guimarães Rosa, criando um clima mítico e fantástico. Esse filme é considerado um dos mais inventivos sobre a obra de Rosa, pois Bial procurou manter, na linguagem cinematográfica, o mesmo teor da linguagem literária.

A Hora da Estrela, de Suzana Amaral (96 min.)

Um dos filmes brasileiros mais premiados, essa adaptação da obra de Clarice Lispector tornou-se um pequeno clássico por narrar a história da nordestina Macabéa, moça pobre e ignorante que vem morar no Rio de Janeiro com o intuito de “melhorar de vida”.
A terceira margem do rio, de Nélson Pereira dos Santos (110 min.)

Adaptação que tenta levar à tela um dos contos mais difíceis de Guimarães Rosa, do livro Primeiras estórias. O diretor fez uma espécie de compilação desse conto com outros, como Famigerado e A menina de lá.

Cinema, aspirina e urubus, de Marcelo Gomes (90 min.)

A história se passa em 1942. Dois homens bem diferentes se encontram. Um deles, o alemão Johann, fugindo da Segunda Guerra Mundial, dirige um velho caminhão e tenta vender aspirinas pelo interior do país. O outro, Ranulpho, homem simples que sempre viveu no sertão e que começa a trabalhar para Johann como ajudante. Os dois viajam pelo sertão exibindo filmes sobre a aspirina e comercializando-a com os moradores da região.

André Augusto Gazola é formado em Letras, professor de
Literatura e História da Arte e fundador do blog Lendo.org..
PoR UMA LEITURA PROFICIENTE