sábado, 30 de agosto de 2014

O Navio Negreiro de Castro Alves





Era um sonho dantesco... o tombadilho, 


Tinir de ferros... estalar do açoite... 
Legiões de homens negros como a noite, 
Horrendos a dançar... 

Negras mulheres, levantando às tetas 
Magras crianças, cujas bocas pretas 
Rega o sangue das mães: 
Outras, moças... mas nuas, assustadas, 
No turbilhão de espectros arrastadas, 
Em ânsia e mágoa vãs. 

Um de raiva delira, outro enlouquece... 
Outro, que de martírios embrutece, 
chora e dança, ali. 

Senhor Deus dos desgraçados! 
Dizei-me vós, Senhor Deus! 
Se é loucura... se é verdade 
Tanto horror perante os céus... 

Quem são estes desgraçados 
Que não encontram em vós 
Mais que o rir calmo da turba 

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